quarta-feira, 9 de março de 2016

CRENÇAS

hoje o armário não quis fechar de jeito nenhum. a mínima dose de coragem deixou uma fresta aberta e por ali vi o lote de crenças penduradas. encarei parte delas, as mais usadas que, de tão usadas, viraram hábitos [e aí eu entendi o provérbio 'o hábito faz o monge']. vi todas acompanhadas de açoites e vendas, grandes formas usadas pelo capitão do mato para destronar o rei. peguei uma delas, tirei-a do cabide e a deixei sobre a mesa. como eu pude acreditar por tanto tempo a ponto de achar que bastava não usá-la mais para eu me livrar de seu assédio? deixei que ela voltasse para o armário, já destituída de seu domínio, para, assim, contaminar o lote inteiro por meio de vasos comunicantes. 

virginia finzetto

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