sábado, 30 de novembro de 2024

Imagem da internet, desconheço a autoria.

observem a foto... já estive na carreta, já estive na direção, mas agora me sinto a própria mala: por fora, muitos carimbos e adesivos de viagens, por dentro, repleta de recordação. diria que, não muito por gosto, ando sendo mais carregada do que atuando nas estradas. acho até que me fechei com a chave do livre arbítrio dentro, por uma certa precaução. mas me entristece saber que fiz parte de uma coleção de última geração, bem mais atuante, que hoje está assim, peça de relíquia ou jogada em algum porão.

virginia finzetto

sábado, 9 de novembro de 2024

OS PRIMEIROS SINAIS DOS 70...

Fui a um supermercado aqui perto, que não vou mencionar o nome, só para jogar na megasena. Sempre aviso a deus que qualquer 100 milhões já me deixaria muito feliz e que sou persistente nos meus pedidos.
A verdade é que eu nem ia fazer compras, mas, enfim, depois da aposta, entrei para validar o ticket, mas aí a mão coça, a cabeça já não tem tantos freios e lá fui eu dar uma volta para ver as ofertas.
E ali estava ela, oferecendo uma marca nova de requeijão para degustar. Sorri e declinei. E fiquei no entorno, observando outras coisas, quando reparei que a mulher estava "caçando cliente no laço". Bom, pensei, não custa nada provar.
-- Hummm, gostoso mesmo...
-- É porque é de búfala. Sabe, disse ela, quase confidenciando na minha orelha, "a senhora que é "mais velha" sabe como são esses outros requeijões, não tem essa cremosidade... A senhora conhece búfala, né? É... é... é.. aquele bicho.
--Ah!!!, certo... respondi sorrindo e pensando "puxa, não se fazem mais vacas, digo, demonstradoras, como antigamente... "
Ainda bem que o requeijão de búfala se garantiu por si só e agora está aqui, na minha geladeira.

virginia finzetto
 

sexta-feira, 8 de novembro de 2024

NETUNO

Minha vida tem sido uma peça de teatro, propositadamente mal ensaiada. O diretor sempre foi confuso na escolha do gênero da peça e dos personagens que contracenaram comigo. Então, muitas vezes, eu ri quando deveria chorar e vice-versa, e a plateia, confusa, nunca soube se amava ou odiava minha representação. Por vezes me sujeitei à aprovação da crítica, esperando alta pontuação e recebi um zero. Quando dei uma banana pra tudo, descobri que isso não passou de uma performance de ocasião, sem muito compromisso das partes, salvo os que verdadeiramente entendem de teatro e do que se passa nos bastidores. Com estes, enfim, consigo me relacionar com sinceridade. Faria diferente? Tudo, não. Mas não tudo, só o que se chama de arrependimento, o que prefiro nomear de engano. O grande véu de ilusão de Netuno.

virginia finzetto