faz o tipo laranja, mas é igual pinha, essa annona
squamosa por fora e suculenta por dentro a ofertar areinha ‘al dente’ a quem lhe
seduz. gostosa, mas que difícil é
comê-la. caprichosa, essa enrugada. seu
mel dá inveja a varejeiras oferecidas que de soslaio captam zangões a rondar
essa rainha, que de tonta não tem nada. serpente
de sementes, esse verde é só disfarce, que veneno mesmo ela não tem. alma sábia igual panela de ferro tangida a
fogo por anos para dar bons guloseimas. feiticeira a consolar carente hipócrita que
finge manter ‘lar [não] doce lar’. e
ainda ouve de meretriz a ‘sua filha da puta’ de boca que deveria morder a
própria língua toda vez que injuriasse a planta de cuja boa raiz herdou tão
majestosa fruta.
virginia finzetto