das sete artes e das letras
com licença, poética é gastronomia!
tão atenta às minúcias da linguagem
a produzir delícias em antologia
gêneros e aromas exclusivos
em vasto repertório de versificação
versos de minuto a poemas da hora
criados em oficinas de alquimia
há menus fartos e variados
produzidos pelo poeta mestre-cuca
ladeados de boa prosa, sátiras picantes
trocadilhos salteados, salpicados de métrica
a exprimir o que há dentro de nós
como espremer a essência da noz
estrofes de mignon, rimas à pururuca
estrambótico com pitada romântica
papo de anjo, gulodice
os cabelos de Berenice
em sopa ou ensopado
ao sugo, al dente, marinado
da pâtisserie à marmelada
tortas redondilhas, rondó de goiabada
quadra, dístico, terceto
em salada, in brodo, ao pesto
hashis em haicais, barquetes de elegias
ode em neve, espetinhos épicos
soneto de legumes, éclogas com lichias
em declamados pratos líricos
rocambole de frases, epopeia de sabores
que brotam da imaginação
tudo no capricho da linguagem...
iguarias autorais assinadas pelo chefe!
virginia finzetto
quarta-feira, 2 de novembro de 2016
domingo, 30 de outubro de 2016
GRAVIDADE
o universo é um parque de diversão
repleto de bacias de algodão doce
formando nuvens e galáxias
enroladas em palitos invisíveis
servidas a buracos negros
enquanto nós somos
só ideias
cromossomos
memórias grudadas
no pó [de açúcar] estelar
fazendo as delícias
desse festival
fazendo as delícias
desse festival
[g]astronômico
virginia finzetto
quarta-feira, 19 de outubro de 2016
JOGO
porque jogamos
de igual para igual
em campo minado de joio
como opostos elos
do mesmo flagelo
a disputar tortas verdades
de frágeis egos
mas é a plateia a cega que
enquanto esconde suas vergonhas
prefere um a outro
virginia finzetto
in Desaforismos, lançamento em 2017
terça-feira, 18 de outubro de 2016
terça-feira, 11 de outubro de 2016
TATO
Sim, é verdade, eu quero te impressionar. E quero fazer isso com precisão. Quero deixar todas minhas digitais espalmadas na tua pele. Mas não penses em violência, apenas na firmeza que é ter tua bunda grudada por um tempo exato em minhãs mãos...
virginia finzetto
domingo, 9 de outubro de 2016
ANAMNESE
não gosto do morno
mas também não suporto o frio
sequer o muito quente
não passo roupa
e deixo a louça secar ao vento
que também balança a roupa no varal
e tudo fica com cheiro do sol
o queimado do leite derramado
sobre a grelha do fogão
acaricia meu olfato
mas limpar tudo, eu aprecio não
gosto do azedo, do salgado e pouco do amargo
mas doce, ah, o doce... do doce eu gosto muito
como gosto do V
mas amar mesmo eu amo o M
como amei o N, o D, o R, o C...
não sei as voltas que os mundos darão
e quantas vezes na roda dos signos
comi de cada um com amor e tesão
mas sei que giro e não faço contas
e mesmo assim você diz me conhecer?
virginia finzetto
mas também não suporto o frio
sequer o muito quente
não passo roupa
e deixo a louça secar ao vento
que também balança a roupa no varal
e tudo fica com cheiro do sol
o queimado do leite derramado
sobre a grelha do fogão
acaricia meu olfato
mas limpar tudo, eu aprecio não
gosto do azedo, do salgado e pouco do amargo
mas doce, ah, o doce... do doce eu gosto muito
como gosto do V
mas amar mesmo eu amo o M
como amei o N, o D, o R, o C...
não sei as voltas que os mundos darão
e quantas vezes na roda dos signos
comi de cada um com amor e tesão
mas sei que giro e não faço contas
e mesmo assim você diz me conhecer?
virginia finzetto
quarta-feira, 28 de setembro de 2016
LITERAL
Veja
bem, marido, não é mais uma DR, esta é literária e literal. Nossa relação era
um romance. Não fosse aquele seu enredo erótico, aventura que acabou em
policial, eu poderia até relevar como sendo mais uma fantasia minha, outra obra
de ficção. Mas logo vi que não era ensaio, pelo tempo que durou a novela. E foi
seu papel de canastrão protagonista que jogou a coadjuvante aqui
definitivamente de escanteio, e sem prêmio de consolação. Aguentei tanto chifre
que minha vida virou uma fábula. De lá pra cá, tudo é teatro, e você pra mim é
peça que não se encaixa mais em nenhum ato. Esta dor é crônica, e por mais que
eu imagine falas, eu não conto, pois ao final de tanta prosa sobrou nenhuma
poesia. Um terror. Você acabou com a nossa história e meu humor... Auto lá, sem
mais suspense, chega de farsa! Vamupará com este faz gênero, com esta comédia e
ir direto ao desfecho do que foi nossa tragédia.
virginia
finzetto
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