Minha vida tem sido uma peça de teatro, propositadamente mal ensaiada. O diretor sempre foi confuso na escolha do gênero da peça e dos personagens que contracenaram comigo. Então, muitas vezes, eu ri quando deveria chorar e vice-versa, e a plateia, confusa, nunca soube se amava ou odiava minha representação. Por vezes me sujeitei à aprovação da crítica, esperando alta pontuação e recebi um zero. Quando dei uma banana pra tudo, descobri que isso não passou de uma performance de ocasião, sem muito compromisso das partes, salvo os que verdadeiramente entendem de teatro e do que se passa nos bastidores. Com estes, enfim, consigo me relacionar com sinceridade. Faria diferente? Tudo, não. Mas não tudo, só o que se chama de arrependimento, o que prefiro nomear de engano. O grande véu de ilusão de Netuno.
virginia finzetto