sábado, 30 de janeiro de 2016

NÁUFRAGA DA REDE

Acordei na praia de uma ilha completamente deserta. Náufraga. Tudo acontece rapidamente. Avisto uma garrafa boiando em minha direção. Encalha na areia. Do gargalo enorme sai um celular. Há sinal, gps e crédito vitalício. Chamo seu número. "Cheguei...". Nenhuma resposta. Entro no Face, que fica a toda hora lembrando datas, enquanto meus cabelos me cobrem, minha roupa se desgasta, minhas unhas crescem, e eu mato a fome com algas. 

virginia finzetto



DESPEDIDA

As finalizações eram difíceis para ela. Talvez porque a linha e a agulha, que durante o trajeto abriram e preencheram tantos obstáculos, agora nesse ponto, quase final, nessa especial proximidade espacial, já não quisessem mais ser duas. E não havia distância para um passo nem um acabamento. Seria um corte fatal. Ambas separadas e o nó só na garganta. 

 virginia finzetto


domingo, 24 de janeiro de 2016

ACABOU

E se você entendeu mesmo, e não apenas ouviu, é momento do silêncio. Porque a disputa é para quem adia. E se, pelo contrário, o dia anoitece, é para que venha o manto da proteção, para que não se desvie mais com as distrações da protelação. Ora, pois a hora é de acolher sem julgar. Toda resposta chega, se há pureza nas intenções. 

virginia finzetto