meia-lua na bruma
é o olho do gato negro
Meu conto foi incluído no projeto Relatos de Mulheres, idealizado pela Inominável Companhia de Teatro, com recursos do mecenato cultural da Prefeitura de Curitiba. As narrativas trazem sempre como figura principal histórias de personagens femininas.
palavras são como pássaros tentando pousar. pressentem sobressaltos e debandam ao menor susto. há dias, iscas não funcionam. palavras são exigentes no trato, não vivem de migalhas.
querido antônio, não fostes santo à toa. que idiotice a minha ficar te amolando por longos 12 anos. essa coisa de virar tua imagem de ponta-cabeça com objetivos tão falsos, chamar de simpatia a uma tortura dessas, atribuir à tua graça meu vexame de não ter sequer empatia com uma causa já sabida desde sempre como capricho no mau sentido, como uma birra. sabe, querido, ontem resolvi desenterrar todos os bonecos de gesso à tua imagem e algumas semelhanças. é que a cada ano eu adquiria um deles em lugares diferentes. hoje, com orgulho, exibo minha coleção sem ter repetido um sequer. penso que ela deva valer uma nota no mercado livre. o modelo 2018 nem cheguei a virá-lo. coloquei-o sobre a mesa e, juntos, tomamos esta decisão: 12 apóstolos, 12 meses, 12 anos, 12 signos, 12 casas do zodíaco... finalmente, percorri a roda, um ciclo inteiro, e sobrevivi feliz, sem me casar. obrigada, isso sim é que é milagre!
virginia finzetto