quinta-feira, 6 de junho de 2024

CLIMA

o céu arado em nuvens rosadas...
foi-se a chuva,
logo mais brotam as estrelas!

virginia finzetto

terça-feira, 28 de maio de 2024

DESAFORISMO

estou numa fase da vida que me sinto literalmente envenenada. 
em vê, né, nada... 

virginia finzetto

sexta-feira, 19 de abril de 2024

CONFISSÕES

quando eu morrer, não posso esquecer de contar que acendi uma vela na Notre Dame sem pagar por ela - eu não tinha moeda de euro -, e que também levei os restos da vela da macumba para o lugar de queima de velas de uma igreja católica - achei antiecológico jogar seus restos no mar...

virginia finzetto

sábado, 6 de abril de 2024

EU FALO SOZINHA

minha alma embriagada encontra meu espírito desarmado e lhe pede liberdade para realizar suas vontades

mas meu espírito lhe mostra sua assinatura na agenda:
- Não reclame, criatura!

minha alma, descontrolada, rasga a folha e o desafia apelando para o artigo único do código do livre arbítrio

mas meu espírito a olha com compaixão e lhe mostra outras páginas repletas de parágrafos sobre o código de exceção

minha alma fica puta e diz ao espírito que quer a separação

mas meu espírito a olha com deboche:
- Não se anime, isso nem a morte traz a reparação

virginia finzetto

quarta-feira, 20 de março de 2024

RELACIONAMENTO

trilhas, labirintos
trilhas, labirintos
trilhas, labirintos
trilhas, labirintos
....
palavras cruzadas
jogo de sombras
enigma
....
uma vida de passatempos

virginia finzetto

sábado, 2 de março de 2024

NATUREZA VIVA

a mobília se faz de morta,
mas seus fantasmas se revelam
como memórias de um arquivo morto
a uma exploradora atenta
do tapete sobem poeiras e lembranças
de um cão travesso
rolando pra cá e pra lá,
brincando com o chinelo rasgado do idoso tutor,
enquanto que, de suas bordas, os fios se esforçam para
se libertar das tramas do passado
as almofadas fingem estar inertes nos sofás rotos,
mas, às escondidas, disputam brincadeiras de lutas infantis
e soltam penas aos olhos atentos da coruja empalhada
em cima da estante
dali, ainda ouço os livros gritando "eu, eu, eu",
a cada abrir e fechar da porta de vidro trincada
só sei que estou encantada com os segredos da casa abandonada

virginia finzetto