sexta-feira, 21 de janeiro de 2022

VELA, REVELA

no princípio estávamos com ele, mas depois nos rebelamos e fomos brincar ao ar livre. alguém inventou o jogo de bater latinha com esconderijo. outro, de caça ao tesouro escondido. e misturamos tudo, alternando luz e sombra, numa brincadeira contínua de acobertar e descobrir. cada um saiu procurando à sua maneira, a que melhor entendia para cumprir uma estratégia. eu desembestei atenta, mesclando observação e discrição e enxerguei você em lugares que ninguém ousou buscar. e toda vez que pensei tê-lo encontrado, corri para bater a latinha na intenção de salvar a todos. mas muitos quiseram permanece escondidos, e assim o jogo continua sem nunca o tesouro ser totalmente revelado.

virginia finzetto

quarta-feira, 12 de janeiro de 2022

MATEMÚSICA

complicamos
quando juntamos coisas
na mesma equação
não pode ser só amorosa
ou só relação...?

aqui e lá, o fado
toda pessoa traz em si
a ré do problema
e o sol da solução


virginia finzetto

sábado, 8 de janeiro de 2022

MARÉ

sou a espuma da onda 
que não se apega à pedra, 
logo escorre levando a lembrança 
que se apaga no mar. 

virginia finzetto

terça-feira, 21 de dezembro de 2021

UMA PEÇA!

Na década de 1990, criei uma peça publicitária que deveria veicular nas publicações infantis que eu editava. Era uma ideia curta ilustrada em três cenas de HQ. O personagem tinha que escolher entre os sabores morango ou chocolate (e eu, como boa libriana, imaginei ele em dúvida, jogando uma moeda pra cima, tirando assim sua responsabilidade sobre a escolha). Cara ou coroa? Aí a moeda caia em pé. E o que ele escolhe? Cena final: "Escolho os dois!" FIM (porque, lógico, a outra situação seria ele não escolher nenhum, e aí o dono do produto me matava). Essa lembrança me despertou o entendimento do significado da gula, que eu não havia pensado: gula não é querer comer muito e tudo, gula é querer tudo e ao mesmo tempo. E é bem provável que quem quer tudo ao mesmo tempo não queira nada, apenas uma congestão, do estômago ou da alma.

virginia finzetto

sábado, 18 de dezembro de 2021

IN DICIONÁRIO

Incrível o ar de gravidade e traição que acompanha a palavra procrastinar. Chego a ver bolas de chumbo presas ao pé da letra, como se eu estivesse prestes a ser protelada pelas costas.

virginia finzetto