tem sido assim, eu meio tímida tentando afagar as palavras enquanto elas fogem de mim. reunidas em pequenos grupos, elas me espreitam de longe. vejo o risinho sarcástico de algumas, as lágrimas que molham a serifa de outras. o disfarce das mais queridas misturando fontes e tamanhos para dificultar minha escolha. o que mais dói é enxergar a sentença formada pelas minhas prediletas, acenando recadinhos de sarcasmo e de deboche. apenas as de baixo calão ficam aos montes, insinuando-se em desfile, dando-se de graça, aproveitando a ocasião em que são usadas em massa por quem as colocou nessa situação. olho para elas com desânimo. saber que até essa fama é efêmera, pois a cada dia elas estão mais presas à cadeia banal de significados. torço para que o alfabeto se organize e faça uma revolução.
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