quando eu partir, penso que será nessa ocasião o dia de entregar o relatório. nada comparado a qualquer método até aqui por mim conhecido. imagino que será algo mágico, telepático, osmótico, instantâneo. agora, da maneira como eu poderia fazê-lo, seria mais demorado e poético. emociono-me de tal forma inexplicável com o fato de eu estar viva. não me recordo sequer quando foi dado este sim para a minha existência. mas uma das coisas que tenho pra mim é que não suporto isto, de verdade. não fui capacitada para aguentar tanta maldade com os seres orgânicos e inorgânicos desta esfera imensa, linda, misteriosa. não vim armada para não me identificar com tantas experiências de horror e holocausto. talvez do outro lado eu já soubesse do quanto os danos sofridos há milhares de ano por este sistema planetário prejudicaram a raça humana, mas eu não tinha ideia de que o meu equipamento pessoal não aguentaria o sofrimento a tal ponto de que, hoje, se eu fosse embora, teria no meu relato a marca da reprovação e também a estrela da misericórdia e um abraço.
viirginia finzetto
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