quando veio a praga
conspiraram ser um negócio da
china,
ainda um misterioso país distante
no imaginário do povo analógico,
esse que agora se priva de abastecer
desejos
de quinquilharias trazidas de lá em
contêineres
e vendidas em camelôs
de novo, vê-se a religião a se
divorciar da ciência
e essa mesma gente, que também não
acreditou
ter o homem pisado na lua, agora quer
ganhar as ruas
pobres mortais, contaminados
fundamentalistas
matam a si mesmos e aos seus com a
ignorância,
mas
de dentro de minhas células femininas
versos intuitivos só permitem a verdade
do resguardo em bastante companhia
e o vírus, sem chance, morre na praia
por não ter onde ancorar nesse mar de poesia
virginia finzetto
[in Antologia Digital Ser MulherArte, maio de 2020]