fechem
as vias de fato,
que meu amor
quer passar...
virginia finzetto
domingo, 15 de setembro de 2019
terça-feira, 10 de setembro de 2019
FERMENTO
sem o tempo exato de o fermento agir, não há pão, eu ouvi hoje.. mas alguém sabe me dizer o que acontece quando uma massa fermentada é esquecida, deixada de lado por descaso ou por falta de habilidade em dar continuidade ao processo? eu penso que a resposta seja: pode jogar fora, pois ela não serve pra nada. situações da vida em que tempo, lugar e pessoas são mal avaliadas, dá perda total na certa.
segunda-feira, 9 de setembro de 2019
GENTE TEMPERO
eu gosto de certas pessoas como gosto de alguns temperos. não é que não as aprecio, só que para amá-las não pode ser muito, nem um certo tanto ou suficiente. tem que ser infinitesimalmente pouco, porque só assim aparece o realce que elas conferem aos sabores outros às quais se combinam. assim como coentro e cominho, tem gente que de intensa é um porre, mas sem elas eu sinto muito de uma sofrível presente ausência.
virginia finzetto
quarta-feira, 4 de setembro de 2019
69
clandestina
imigrante
me prostituí
de Woodstock
às ruas de LA
mas não topei
com nenhum richard
keith ou gere
me dizendo
o que servir
virginia finzetto
segunda-feira, 1 de julho de 2019
DESCOMUNA MUNDIAL
agora todos os animais
não se reproduzem porque
não exalam seus odores
não identificam nem sentem
certas frequências do som
da sintonia do amor
substituídas as câmaras de gás
inodoras do holocausto
suprimidos os bemóis
e retirados os sustenidos
humanos não se reconhecem mais
não se admiram nem se olham
sob os escombros do descartável
todos copulam como ordenhadeiras mecânicas
e ignoram seus bebês desprogramados
largados em depósitos
vigiados por babás eletrônicas
de última degeneração
nesse império da deformidade
não sentem perfumes nem sabores
não enxergam nem ouvem
não identificam o cheiro do enxofre
nem o podre da carne
exalados pelas chaminés de extermínio
esse imenso exército sem tato morre viciado
em inalar um tipo raro de tiol volátil
um desumano agente entorpecente da alma
que elimina sem qualquer reação
o limite acima da quantidade programada
pela descomuna mundial
apenas os rouxinóis resistem
fazendo seus ninhos no topo das montanhas
do lixo cibernético acumulado,
como minaretes a arranhar o céu
de toda a loucura,
e não se cansam de entoar seu chamado
à lembrança
quase perdida
do que um dia
já foi sagrado
virginia finzetto
[in revista literária Plural F451, edição de junho de 2019]
não se reproduzem porque
não exalam seus odores
não identificam nem sentem
certas frequências do som
da sintonia do amor
substituídas as câmaras de gás
inodoras do holocausto
suprimidos os bemóis
e retirados os sustenidos
humanos não se reconhecem mais
não se admiram nem se olham
sob os escombros do descartável
todos copulam como ordenhadeiras mecânicas
e ignoram seus bebês desprogramados
largados em depósitos
vigiados por babás eletrônicas
de última degeneração
nesse império da deformidade
não sentem perfumes nem sabores
não enxergam nem ouvem
não identificam o cheiro do enxofre
nem o podre da carne
exalados pelas chaminés de extermínio
esse imenso exército sem tato morre viciado
em inalar um tipo raro de tiol volátil
um desumano agente entorpecente da alma
que elimina sem qualquer reação
o limite acima da quantidade programada
pela descomuna mundial
apenas os rouxinóis resistem
fazendo seus ninhos no topo das montanhas
do lixo cibernético acumulado,
como minaretes a arranhar o céu
de toda a loucura,
e não se cansam de entoar seu chamado
à lembrança
quase perdida
do que um dia
já foi sagrado
virginia finzetto
[in revista literária Plural F451, edição de junho de 2019]
A SETE CHAVES
investigar sobre a suspeita
suspeitar do que odeias
odiar em qualquer desfeita
o joio que semeias
odiar em qualquer desfeita
o joio que semeias
semear sobre o tempo
temporizar esses planos
planejar em cada evento
a ilusão dos enganos
enganar sobre a morte
morrer em cada lance
lançar da tua sorte
o último romance
romancear sobre os estímulos
estimular a tua firmeza
afirmar por entre túmulos
o mantra da pureza
apurar sobre a pauta
pautar mais uma escrita
escrever em tua minuta
o epitáfio dessa cripta
critografar sobre os amores
amar a tua lembrança
lembrar a esses atores
a quebra da vingança
vingar sobre a procura
procurar nessa espera
esperar de tanta jura
o amor de outra esfera
virginia finzetto
procurar nessa espera
esperar de tanta jura
o amor de outra esfera
virginia finzetto
quarta-feira, 26 de junho de 2019
ESTAR NO MUNDO
corpo, esse ator cuja alma se identifica
com a dor, cujo espírito experimenta um átimo do cenário planejado há milênios.
com a dor, cujo espírito experimenta um átimo do cenário planejado há milênios.
virginia finzetto
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