Não era o relógio que media o tempo. Era a distância do olhar sobre aquele tapete esgarçado. Do alto da escadaria, ela identificava ilhas intactas de cores em esmirna e preenchia com a imaginação o desgastado dos espaços vazios da entretela. Com o passar dos anos, a acuidade visual não era a mesma. De perto, ninguém conseguia enxergar o propósito do desenho inicial, como se não tivesse qualquer conexão entre os esparsos blocos de lã tecida da tapeçaria. Apenas para ela havia ali um permanente retrato e uma história eterna.
virginia finzetto
Nenhum comentário:
Postar um comentário