não quero mais ficar aqui, respirando esta atmosfera. Ana caminhou lentamente com sua bolsa à tiracolo até a saída daquele necrotério. todos ali estavam mortos e petrificados em estátuas sem autorias. deixando para trás, identificara e etiquetara cada cadáver de si mesma. sua alma congelada era um escudo para evitar que seu coração se liquefizesse, como a torre que protegeu a rainha naquele último jogo de xadrez em que tentou a sorte. agora não poderia mais fingir que não tinha conhecimento dos abusos, das respostas atravessadas que dera sem pensar, dos minutos que poderia ter ofertado para ouvir atentamente o pedido de socorro tão profundamente calado naquele olhar. fora leviana querendo promulgar conselhos, fórmulas, qualquer veredito a quem só pedia um abraço.
virginia finzetto
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