sexta-feira, 1 de abril de 2016
PRIMEIRO DE ABRIL
às vezes eu acordo e me vem aquele momento de total êxtase por ter descoberto a fórmula da felicidade. e segundos depois, tudo me escapa, e os números e as letras iniciais começam a mudar de forma e a ganhar outra configuração e, quando eu me dou conta, a magia me fugiu e restou um murmúrio, um franzir do cenho, seguido de inúmeras ginásticas faciais para acompanhar a torrente elétrica do pensamento tentando capturar a explicação para o nada óbvio. voltas e voltas das ideias com o objetivo de escapar ao medíocre, do absolutamente confuso e irracional desejo de apreensão do sagrado, da mais pura e inocente aproximação do núcleo... do... do... do... tsc... e o resto do dia fica assim, totalmente profano. sigo comendo paçoquinha e esperando aquele convite que não chega.
virginia finzetto
domingo, 27 de março de 2016
CURA
eu era pequena, menos de 1 metro e menos de 7 anos. cabelo
liso e curto. conversava com as plantas. vivia na rua de terra, brincando com
os moleques. pernas e braços machucados dos tombos da bicicleta emprestada. e
um dia eu amassei as míni flores da planta rasteira e daninha que brotava na
calçada e coloquei o caldo na impinge do joelho. e sei que proferi algumas
palavras, e aquilo curou. e me lembro que minha avó curou as outras coceiras
apenas com amor e gestos delicados de vai e vem sobre as feridas usando uma
folhinha de oliveira do quintal embebida em azeite. e hoje eu gostaria de
resgatar essa inocência para curar todos os homens que querem tudo apenas por
não terem nada a dar além do medo. e aproveitar e proferir uma meia dúzia de
palavrões mágicos para exorcizar toda essa sujeira.
virginia finzetto
quinta-feira, 24 de março de 2016
domingo, 20 de março de 2016
sábado, 19 de março de 2016
O SILÊNCIO DOS ANJOS
ele ou ela era assim. pairava. até a definição do gênero era
difícil, porque queria ser neutro em tudo. desde pequeno na escola deixava de
comer na cantina, porque fatalmente deveria pronunciar um nome e isso já era
uma escolha. e ele ou ela não conseguia, estava além de seus princípios,
julgava-se acima disso. síndrome de anjo, que difícil. deveria servir a quem?
aos homens? mas e esse corpo? e essa alma? e esses desejos loucos? eu sou
humano, ó dó! só haveria um jeito de resolver isso: morrer, já que havia
nascido. nascido aqui, onde cada passo é uma escolha, um lado, um compromisso.
virginia finzetto
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