eu era pequena, menos de 1 metro e menos de 7 anos. cabelo
liso e curto. conversava com as plantas. vivia na rua de terra, brincando com
os moleques. pernas e braços machucados dos tombos da bicicleta emprestada. e
um dia eu amassei as míni flores da planta rasteira e daninha que brotava na
calçada e coloquei o caldo na impinge do joelho. e sei que proferi algumas
palavras, e aquilo curou. e me lembro que minha avó curou as outras coceiras
apenas com amor e gestos delicados de vai e vem sobre as feridas usando uma
folhinha de oliveira do quintal embebida em azeite. e hoje eu gostaria de
resgatar essa inocência para curar todos os homens que querem tudo apenas por
não terem nada a dar além do medo. e aproveitar e proferir uma meia dúzia de
palavrões mágicos para exorcizar toda essa sujeira.
virginia finzetto