havia tanto assunto ainda para falar. mas ela preferiu se
sentar na varanda e deixá-lo ir. a poeira da estrada levantada pelos pneus da
van que partiu apressada chegou e se misturou às suas lágrimas -- rompantes do
engasgo da frustração que lhe subiu aos olhos -- agora vertendo avermelhadas.
não foi fácil deixá-lo ir. não era o que ela queria. leve de menos,
desproporcional demais, torto o bastante. queria encrenca. essa felicidade
morna dos dias decorados de cor e salteado nunca estivera em seus planos.
quando ela viu, após algumas horas, a poeira de novo aumentando e o vulto se
aproximando, ainda pensou em uma chance, mínima. mas ele voltou, esticou a mão
e ela assinou, dessa vez sem reclamar. afinal, a pena, o papel, o tranco e o
trabuco convencem qualquer mulher a abandonar uma ilusãozinha besta.
virginia finzetto
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