hoje o armário não quis fechar de jeito nenhum. a mínima
dose de coragem deixou uma fresta aberta e por ali vi o lote de crenças
penduradas. encarei parte delas, as mais usadas que, de tão usadas, viraram
hábitos [e aí eu entendi o provérbio 'o hábito faz o monge']. vi todas
acompanhadas de açoites e vendas, grandes formas usadas pelo capitão do mato
para destronar o rei. peguei uma delas, tirei-a do cabide e a deixei sobre a
mesa. como eu pude acreditar por tanto tempo a ponto de achar que bastava não
usá-la mais para eu me livrar de seu assédio? deixei que ela voltasse para o
armário, já destituída de seu domínio, para, assim, contaminar o lote inteiro
por meio de vasos comunicantes.
virginia finzetto
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