pensava em não aceitar mais convites para encarnação. quantas vezes já teria vindo aqui? em quantas delas teria quebrado sua promessa de fazer já não lembra o quê? estava cansada de não saber como não revidar. anos de meditação e a vontade de enfiar a mão na cara do sujeito do alto-falante do parque de diversões, que tirava sua concentração, fez com que despertasse para algumas percepções de si mesma. crise. Ana estava em crise. sabia que nessas horas nenhuma filosofia poderia ser melhor do que a própria consciência de si mesma. catou a bolsa e saiu pelas calles, apreciando o pé de laranja-de-sevilha carregado de frutas a enfeitar a calçada. foi caminhando em direção ao canto da sereia. distração por distração, era melhor provar uns tapas e uma sangria. aceitou que seus pensamentos eram mais fortes, que seu ego era torpe, e que, sobretudo, a música era boa e a encantava, no melhor sentido da palavra.
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